31 de jul. de 2008
Marquês de Sade (trecho)
"- Está no nosso próprio coração - prosseguiu Curval. - Uma vez degradado, uma vez aviltado pelos excessos, o homem obriga a sua alma a assumir uma espécie de conformação viciosa da qual coisa alguma o conseguirá arrancar. Em qualquer outro caso, a vergonha serviria de contrapeso aos vícios cuja prática o espírito aconselhasse; mas neste caso, nada disso é possível: foi apagado o primeiro sentimento, banido e expulso para bem longe, e daqui ao estado em que a vergonha e o rubor desaparecem, em que se ama aquilo que faz corar, é um passo. Tudo aquilo que numa alma diferentemente preparada podia afectar desagradavelmente metamorfoseia-se neste caso em prazer e, doravante, tudo o que possa reavivar o novo estado adoptado tem de ser sempre coisa voluptuosa.
- Mas para se chegar aí quanto se tem de caminhar no vício! - disse o bispo.
- Concordo - disse Curval. - Mas essa caminhada faz-se imperceptivelmente, é toda ela feita sobre flores; um excesso chama o outro, a sempre insaciável imaginação não demora a conduzir-nos ao termo da viagem e, como o percurso endureceu o coração, ao ser atingida a meta, esse coração, que em tempos possuiu alguma virtude, passa a não reconhecer nenhuma delas. Acostumado a coisas mais violentas, rejeita prontamente as primeiras impresões moles e sem doçura que até então o inebriavam e, como pressente que a infâmia e a desonra vão ser a sequência dos seus novos movimentos começa logo, para não ter de os temer, a familiarizar-se com eles. Mal os aflora ama-os, porque estão relacionados com a natureza das suas novas conquistas e jamais mudaráde parecer.
- Essa a razão por que a correcção é tão difícil - disse o bispo.
- Dizei antes impossível, meu amigo. Como é que as punições infligidas àquele a quem quereir corrigir poderiam convertê-lo, quando é certo que, apesar de certas privações, o estado de aviltamento característico em que, ao puni-lo, o colocais, lhe agrada e lhe apraz e o deleita, pois que folga dentro de si próprio, ao ver que foi tão longe que mereceu ser assim tratado?"1
Marquês de Sade (1740-1814)
1 SADE, Marquês de - Os Cento e Vinte Dias de Sodoma. 1ª edição. Lisboa: Antígona, 2000. ISBN 972-608-115-7. pg 363-364
29 de jul. de 2008
Party in the house!
25 de jul. de 2008
Dame de Lotus.
19 de jul. de 2008
18 de jul. de 2008
17 de jul. de 2008
Nua e crua.
16 de jul. de 2008
Imperfeição.
Por que o mundo nunca será perfeito?
Porque ele é povoado por pessoas. Pessoas possuem defeitos. Muitos defeitos. Defeitos demais.
Ao invés de procurarem aperfeiçoas suas qualidades ou abrandar seus defeitos, as pessoas preferem ignorar. Ignoram "seus" defeitos, porque os defeitos "dos outros" são interessantes de serem analisados e criticados.
Jamais ignora-se a chance de ser melhor que alguém. Logo, jamais ignora-se um defeito alheio.
As pessoas perdem muito tempo cuidando da vida dos outros. Pessoas não têm tempo para pensar no mundo.
Pessoas não percebem que o mundo é todo mundo.
Inclusive as pessoas.
E os defeitos das pessoas.
O mundo nunca será livre de defeitos.
O mundo nunca será perfeito.
* Uma "brilhante" dedução Minha...A que cansa cedo de qualidades, e mais ainda de defeitos...
Na verdade, cansei do mundo. Pronto, falei!
Beautiful Stranger
15 de jul. de 2008
Lyrics
Clounds and angels by my side
Then I realized that I was lonely
And it wasn't such a good thing
I was flying in paradise
In that ocean of dead lights
I was looking for your smilein the wind
But there was nobody there this morning
I was swimming across the sky
Clounds and angels by my side
Then I realized that I was lonely
And it wasn't such a good thing
I believe in your smile everyday
But I know that you're far from my way
When I talk to the moon I can hear you
In the dark I can see, I can feel your light
I was swimming across the sky
Clounds and angels by my side
Then I realized that I was lonely
And it wasn't such a good thing
I was flying in paradise
In that ocean of dead lights
I was looking for your smilein the wind
But there was nobody there this morning
I believe in your smile everyday
But I know that you're far from my way
When I talk to the moon I can hear you
In the dark I can see, I can feel your light
13 de jul. de 2008
The colors of my feelings
6 de jul. de 2008
Dollhouse - Switchblade Symphony
Pushing, pulling me down again
It's getting bad
I can't breathe
I won't let them in
I won't let them in
Crushing, pushing me down again
Crushing, pushing me down again
I need to get away
Listen now to their hurting words
They rip and they do tear
Pushing out all of my hidden things
Hold my hand and take me there
Sickened eyes seem to mesmerize
They're melting as they glow
Mesmerize your alibis
They're laughing in the snow
People climbing up the walls
Breaking all of my wretched dolls
Fingernails they scratch outside
In the attic is where i'll hide
People climbing up the walls
Breaking all of my wretched dolls
Fingernails they scratch outside
In the attic is where i'll hide
I won't let them in
2 de jul. de 2008
O Processo de Mumificação
O termo múmia é resultado de um engano: corpos trabalhados com resina derretida, em fase tardia da civilização egípcia, adquiriam uma cor escura que os árabes julgaram erroneamente ser decorrente do uso de pixe ou asfalto (em árabe, mummiya).
(...) De início, na primeira parte do III milênio a.C., a mumificação propriamente dita não existia: o que se tentava era preservar a forma exterior do cadáver, apertando-o em diversas camadas de tiras de pano de linho embebidas em resina (...). Foi no século XXVII a.C., sob a IV dinastia, que começou a mumificação propriamente dita, ao ter início o processo de retirada dos órgãos internos do morto (sempre deixando o coração - essencial por razões das concepções acerca da personalidade - e nas primeiras fases muitas vezes também o cérebro, embora também pudesse ser retirado pelo ponto em que a cabeça se insere no pescoço) através de uma pequena incisão do lado esquerdo do abdome, em seguida furando o diafragma para ter acesso também aos pulmões (um método alternativo consistia em injetar pelo ânus um líquido dissolvente, deixando-o por vários dias no interior do corpo): de fato, como fígado, estômago, intestinos e pulmões decompõem-se rapidamente, retirá-los ou dissolvê-los aumentava muito a possibilidade de preservação. Foi também na mesma época que se abandonou o enterro em posição fetal, substituída pela postura estendida. Para tornar o cadáver semelhante à aparência que tivera em vida, usava-se no Reino Antigo enchê-lo de recheios de palha, serragem e trapos; por vezes, o rosto era maquiado.
(...) E no Reino Novo, a retirada do cérebro - agora pelo nariz, quebrando-se um dos ossos nasais para inserir um gancho ou pinça - de esporádica que era, tornou-se a regra.*
(...) os passos mais importantes da mumificação completa: 1) remoção de muitos dos órgãos internos (preservados separadamente; no Reino Novo, postos em jarros cujas tampas representavam os quatro filhos de Hórus, deuses protetores); 2) cobertura, com um sal de sódio, o natrão, que (...) tem propriedades desidratantes e antissépticas, do corpo já esvaziado (...); 3) uma vez terminado o ressecamento pelo natrão, tratamento da pele para devolver-lhe mediante certas substâncias alguma elasticidade; 4) preenchimento das cavidades do corpo, resultantes da remoção de órgãos, após lavagem com vinho de palmeira (segundo Heródoto), com recheios que variam segundo a época (sendo que, em alguns períodos, as vísceras embrulhadas eram repostas dentro do cadáver); 5) envolvimento do corpo (começando com cuidadosa moldagem dos dedos e dos órgãos genitais) com tiras de linho, entre as quais se punham amuletos especificados pela literatura funerária, atividade que consumia cerca de 15 dias; 6) a partir de fins do III milênio a.C., teve início o hábito de cobrir a cabeça da múmia com uma máscara que reproduzisse os traços que tivera em vida, muitas vezes confeccionada de tecido endurecido com gesso e posteriormente pintada e dourada, mais tarde, no caso de reis, feita de ouro ou prata com incrustações de lápis-lazúli e outros materiais preciosos. O processo mais completo de embalsamamento durava em princípio 70 dias (cifra ligada ao ciclo da estrela Sirius), mas há casos conhecidos em que tomou mais tempo. Todas as suas etapas eram acompanhadas da leitura de textos rituais por sacerdotes.
Retirado de:
CARDOSO, Ciro Flamarion. Deuses, múmias e ziggurats. Porto Alegre, 1999. pp. 117-118.
* Houveram séries de mudanças no método de preservação ao longo do tempo e também variantes regionais.